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terça-feira, 31 de março de 2015

Piel



escrevi com a ponta dos dedos
por entre tuas curvas e linhas
uma invisível tatuagem:
[minha].

sábado, 28 de março de 2015

Conflito Interno


Eu queria tanto um disco original da Björk...
Férias em Nova York
cantar em uma banda de rock
ou até coisas bastante banais.
Mas entre meus sonhos mais profundos,
que ultrapassam meras vontades carnais,
existem os bem vagabundos
e agora enumero os tais:
parar de sentir fome
e desejar comer algo que nem sei o nome;
ou ter saudades
do que ainda não vivi
como se estivesse banhada de tempestades
sendo que nunca chovi.
Planejo um dia também não nutrir ciúme
de algo que nem é meu...
este feio costume:
prender o que não se perdeu.
Pessoas não são propriedade
e essa posse é mera ilusão.
Não há título de terra para a liberdade,
tampouco hectares no coração.
Esses projetos estão no papel
e sei que executarei um por um.
Mas no momento meu apetite cruel
atacou sem motivo nenhum;
a nostalgia veio e não sei o que me falta.
Precisarei procrastinar por mais um dia...
Eis que uma imagem aos olhos ressalta:
POR QUE VOCÊ CURTIU A FOTO DAQUELA VADIA?

sábado, 21 de março de 2015

Paradox


Meu olhar carrega um peso triste.
Isso não quer dizer que eu nunca seja feliz.
Às vezes, a Alegria me visita, toma chá e assiste
como dissolvo na xícara meu sachê de anis.
Da mesma forma que chega, ela parte.
Admiro o quadro torto na parede.
Ponho para tocar Love will tear us apart
e, com o volume máximo, deito na rede
ao som de Joy Division.
Acho que escolhi ser assim...
It was a hard decision.
A moldura permanece enviesada:
não a arrumei porque não aprecio a perfeição.
Se todas as coisas fossem impecáveis, seríamos nada:
perderíamos a bênção da evolução.
Dizem por aí que minha aura é azul,
e talvez essa seja a natureza de minh’alma:
that's why I'm always so blue

- e confesso que isso me acalma -:
Os meus olhos caídos
acompanham um semblante
de forçosos sorrisos.
Entretanto, não me considero farsante.
Ponho as contradições na mochila
e esta é minha mais sincera arte:
se por acaso a boca não acompanha a pupila,
it’s because I have a jolly face and a melancholic heart.

terça-feira, 17 de março de 2015

Cânone


Descobri que o amor
possui uma essência:
sua matéria-prima
é a desistência.
Sim, o amor é elemento
constituído de uma molécula
levada pelo vento:
em determinada época,
compõe-se o deixar-partir
apesar do desejo
de insistir.
Em cada átomo, um solfejo;
a canção da despedida
ecoa em um buraco negro:
o segredo
da partida.
Coro de apenas uma voz:
a soprano que resta
entoa a sós
uma melodia funesta:
o que sobrou de nós.
A partir disso, nasce a substância
batizada renúncia,
formada pela ressonância
do adeus e sua pronúncia.
O amor que surge do sim
atinge seu verdadeiro conteúdo
quando abdica o próprio uso
e chega ao fim.

terça-feira, 3 de março de 2015

Fight


No ringue, jazia;
luva vazia
de um tapa sem mão.
Um soco no estômago
levou-me ao chão
e no primeiro round
já sofri um nocaute.
Peso pena,
que pena!
Não sou grande
o bastante:
nunca fui boa em lutas,
competições e disputas.
Entre meios e fins...

Saudade wins.