Eu queria tanto um disco original da Björk... Férias em Nova York cantar em uma banda de rock ou até coisas bastante banais. Mas entre meus sonhos mais profundos, que ultrapassam meras vontades carnais, existem os bem vagabundos e agora enumero os tais: parar de sentir fome e desejar comer algo que nem sei o nome; ou ter saudades do que ainda não vivi como se estivesse banhada de tempestades sendo que nunca chovi. Planejo um dia também não nutrir ciúme de algo que nem é meu... este feio costume: prender o que não se perdeu. Pessoas não são propriedade e essa posse é mera ilusão. Não há título de terra para a liberdade, tampouco hectares no coração. Esses projetos estão no papel e sei que executarei um por um. Mas no momento meu apetite cruel atacou sem motivo nenhum; a nostalgia veio e não sei o que me falta. Precisarei procrastinar por mais um dia... Eis que uma imagem aos olhos ressalta: POR QUE VOCÊ CURTIU A FOTO DAQUELA VADIA?
Meu olhar carrega um peso triste. Isso não quer dizer que eu nunca seja feliz. Às vezes, a Alegria me visita, toma chá e assiste como dissolvo na xícara meu sachê de anis. Da mesma forma que chega, ela parte. Admiro o quadro torto na parede. Ponho para tocar Love will tear us apart e, com o volume máximo, deito na rede ao som de Joy Division. Acho que escolhi ser assim... It was a hard decision. A moldura permanece enviesada: não a arrumei porque não aprecio a perfeição. Se todas as coisas fossem impecáveis, seríamos nada: perderíamos a bênção da evolução. Dizem por aí que minha aura é azul, e talvez essa seja a natureza de minh’alma: that's why I'm always so blue - e confesso que isso me acalma -: Os meus olhos caídos acompanham um semblante de forçosos sorrisos. Entretanto, não me considero farsante. Ponho as contradições na mochila e esta é minha mais sincera arte: se por acaso a boca não acompanha a pupila, it’s because I have a jolly face and a melancholic heart.
Descobri que o amor possui uma essência: sua matéria-prima é a desistência. Sim, o amor é elemento constituído de uma molécula levada pelo vento: em determinada época, compõe-se o deixar-partir apesar do desejo de insistir. Em cada átomo, um solfejo; a canção da despedida ecoa em um buraco negro: o segredo da partida. Coro de apenas uma voz: a soprano que resta entoa a sós uma melodia funesta: o que sobrou de nós. A partir disso, nasce a substância batizada renúncia, formada pela ressonância do adeus e sua pronúncia. O amor que surge do sim atinge seu verdadeiro conteúdo quando abdica o próprio uso e chega ao fim.
No ringue, jazia; luva vazia de um tapa sem mão. Um soco no estômago levou-me ao chão e no primeiro round já sofri um nocaute. Peso pena, que pena! Não sou grande o bastante: nunca fui boa em lutas, competições e disputas. Entre meios e fins... Saudade wins.