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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Desjejum



Uma vez meu pai me disse:
- Filha, poesia não enche barriga!
De fato, não matou minha fome.
Confesso que fiquei muito triste,
Sem saber direito o que fazer da vida,
Mas continuei a louvar o seu nome.

Uma vez provei da palavra
E me alimentei do que ela oferecia.
Não enchi a barriga, mas preenchi a alma
E daí pra frente foi só alegria.
Espírito pleno em cada refeição,
Hoje peço, segura, com o livro na mão:
- Por favor, me veja um prato cheio de poesia!

sábado, 26 de outubro de 2013

Ênfase


Nesse mundo tacanho,
Ter você é tanta sorte
Que para dar o devido enfoque
A esse sentimento tamanho,
Com alguns toques,
Digito em caps lock:
EU TE AMO!

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Desmotivar


Nasceu com asas
Que logo foram cortadas.
Os pais, desiludidos
Com notícias desanimadoras,
Pegaram um dicionário
Para crianças sonhadoras.
Ensinaram ao menino
Uma realidade de outro nível
Com uma palavra destruidora:
O conceito de
impossível.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Val(idade)



I

Com medo de sua mortalidade,
Sentia tanta inveja dos felinos
Peludos, ariscos e distintos,
Que quis ter sete vidas para poder ir além.
Tinha pavor de falecer menino
E, sabendo da própria transitoriedade,
Começou a espalhar fofocas,
Desprezar o amor ao próximo,
Causar intrigas e semear discórdia
Pra ver se conseguia, de alguma forma,
Se por acaso ou por misericórdia,
Incorporar os anos de vida dos outros também.

II

Qual não foi sua surpresa,
Quando a longevidade alheia
Acumulou-se em sua existência.
De fato, já nem mais envelhecia,
Para desespero da ciência.
Mas chegou um ponto em que o fim da linha
Era a opção mais confortável a seguir.
Levou desde sempre atitudes tão mesquinhas,
Que agora sequer sabia para onde ir.
Quando se petrificou o secular coração,
Tomado pelo vazio da apatia,
De tão miserável, morreu um dia
Por causa da solidão.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Entre o Humano e o Divino


Ciente da minha condição humana,
Não temo, pois não há razão para medo:
Desde muito cedo,
Aprendi a respeitar Deus.
E, sabendo que o amor é divino,
Nutro em mim sentimento infinito
Que, de dentro pra fora, cresce.
Meu peito se expande de leste a oeste
E, por amar com a fé de quem faz uma prece,
Sigo doando abraços que não se medem:
Assim, fico mais perto do céu.