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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Holiday


ontem, no fim do dia,
Priscila e eu fomos a Penn’s Landing.
Era um entardecer que trazia certa nostalgia.
Restaurantes, pista de patinação no gelo, luzes e enfim...
Sentamos à beira do rio Delaware
com um chocolate quente e ficamos pensando
que nunca havíamos sonhado sequer
em estar na Philadelphia.
Concluímos que dá pra ser feliz... de vez em quando.
E que isso soava mais como uma paródia de outra vida que não nos pertencia.
Ela falou que ministra aulas de inglês para o curso de Turismo
e uma das professoras da área uma vez disse
que os turismólogos não vendem viagens, e sim memórias. 
Eis o relativismo:
Tudo é sobre momentos, lembranças, histórias.
Então confessei o seguinte:
em geral sempre me sinto deslocada
(não sei se é a crise dos vinte),
como se nenhum canto fosse minha casa
mas quando viajo eu não sinto esse nada. 
Me sinto do mundo, me sinto plena ao não ser ninguém,
apesar de querer a estabilidade de ter a quem voltar.
Pode ser a uma pessoa, não necessariamente um lugar.
A respeito dessas memórias que nos movem a viajar,
afirmei para Priscila que estava feliz sim,
mas que havia uma falta inoportuna.
Instantes não são completos em si
se não são compartilhados. Descoberta a lacuna.
A construção do sentido da vida funciona apenas se houver ajuda.
Mesmo assim, seguimos solitários na tentativa de parecer independentes.
Ignoramos essa voz interna e latente.
Depois desses minutos de conversa, voltei a ficar surda...
continuo presa dentro de um ovo,
só para não me machucar, caso tenha que voltar a ficar sozinha de novo.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Wanderlust


vão é trocar de endereço
e os antigos móveis permanecerem os mesmos
como se atravessar o continente
resolvesse o que está pendente.

novos lugares, mas nem sempre novos ares.
se a fuga é do que vem de dentro,
pra onde aponta o vento?

traumas abandonados em algum brechó
de Cingapura ou Bangkok.
o mundo é só um esboço... cadente.
um pedaço do cosmos

um pouco do muito da gente.