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terça-feira, 8 de março de 2016

Tácito


eu nunca me desculpo com a solidão
sempre me despeço 
me dispo

e decido num canto
a solução
aos olhos do nada
se sim ou se não.

eu nunca dirijo sem trilha sonora
sempre deixo
no volume máximo
dobro a esquina do semáforo
na contramão
e os pneus cantam
quando puxo o freio de (ante)mão.

eu nunca durmo com a janela 100% aberta
sempre há
uma fresta
uma ilusão
um feixe de luz que entra
e a noite que me engole
faz a digestão.

eu nunca digo com palavras claras
sempre silencio
os não - ditos
eis que o amor não é exatamente isso?
nos aposentos da escuridão
o cômodo mais obscuro
é o coração.