Meu coração anda lotado de tralha,
Hora de separar o joio do trigo.
Senão, mandem tecer minha mortalha
Porque viver em meio ao entulho é um perigo.
Viver em meio ao entulho é um perigo
E meu coração cansou de migalha!
Sinto falta do meu eu antigo,
Um eu que não admitia falha.
Um eu que não admitia falha
Deu lugar a esse coração amigo
Que tece a própria mortalha
Por não saber separar o joio do trigo.
6 comentários:
Lara:
Lindo texto. Aprendi a só querer banquete depois de tantas migalhas.
Beijooos sua linda.
Uma hora a gente cansa mesmo... É nessa hora que "...Migalhas durmidas do teu pão (...) me interessam..." deixam de ser um desejo e se tornam repulsa...
Queira mais, você merece!
Ah, as migalhas.
Verdadeiros entulhos, mesmo. E um perigo. Um grande perigo. E como me doo tanto, nem me importo com as migalhas... Tenho tendência a esbanjar sentimentos. Ninguém nunca pôde sentir comigo na mesma intensidade. E aí restam migalhas. Tão perigosas, tão doloridas, tão fatais... Mas às vezes elas servem de lição. De tanto esbanjar, aprendi a poupar e a usar com sabedoria... quer dizer, estou aprendendo. Dia após dia. rs
Larinha, que lindo texto! *.*
(Fiquei bem contente com o teu recadinho no meu post. Respondi lá, tá? Beijão)
As vezes temos consciência que devemos separar o joio do trigo, mas as emoções tornam-se mais fortes do que a razão. Um entulho incomoda, desconforta e fica retido em nós, por um longo tempo. Mesmo que não queiramos mexer nesse entulho, ele volta. E as migalhas são capazes de destroçar um grande sentimento, pois ninguém é totalmente feliz, se não tem alguém completo, inteiro, pra si mesmo. Seu poema é tão sútil e isso me encanta. Parabéns Lara.
E tece também cada palavra em seu devido lugar, formando um poema cheio de sonoridade e ritmo, um delicioso pão de trigo. :)
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