Quando me apontam como funesta
Vejo minha insignificância;
Também percebo a ignorância
De quem não me considera honesta.
Se da morbidez sou assim -mestra-,
Eu não noto tanta relevância
De ter nas trevas última estância
Para refúgio, teto e festa!
Eu olho para a escuridão,
Não existe local mais lúgubre;
O égide do meu vil coração,
Já deixou de ser a longa oração...
É tão somente a marcha fúnebre,
A embalar meu berço: o caixão!
Passei horas com a caneta na mão
Querendo encarnar meu eu-lírico,
Mas não vem meu olhar onírico
Tampouco a preciosa inspiração...
Para aquecer todo coração
Deve-se possuir senso crítico...
Entretanto, as frases do tísico
Emocionam toda geração!
Percebam então meu sustento
Que garante o pão de cada manhã;
Se não tenho dom e nenhum talento,
Deixo isso a seu julgamento...
Não se sabe o dia de amanhã
Nem quão grande será o tormento!
Ela é a minha inspiração...
A mais perfeita das criaturas!
O seu olhar, cheio de candura
Encheu de alegria o meu coração.
Ela é esta, essa e aquela...
A razão da minha existência.
Por esse amor, peço clemência
E almejo sua carne bela!
Quando a vi e também conheci
Todo o meu ser, em êxtase entrou!
Ah minha musa, tanto eu te quis...
Tanto eu te quero! Você me quer?
O seu corpo o meu corpo desejou...
Diva, faça de mim o que quiser.