ou, quem sabe, um poema sem forma
este poema é dedicado a todas as coisas
que nunca consegui organizar
dentro de mim
este poema é um quarto bagunçado
em visível caos
mas que, apesar da desordem,
encontro às cegas aquilo que preciso
este poema é sobre a (não) necessidade de arrumar
o que quer que seja
para ninguém além de nós mesmos
[quem quiser nos visitar que se acostume com a baderna]
também é sobre se aquerenciar
com os quadros enviesados na parede
este poema é uma ode à balbúrdia
à algazarra que me habita
e à indolência que me circunda:
a limpeza para terceiros.
este poema é sobre o alheio
sobre o estranho, sobre o outro
cuja anarquia também é própria
e não me diz respeito
este poema é, enfim, barulho;
uma confissão em tons de tumulto:
este poema é sobre sinônimos
que refletem nossa confusão interior.
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