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quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Regresso

Cambaleante em meio às folhas,
meus pés vagueiam sem direção:
penso na morte como uma prece
[um momento de redenção]

não quero ser pó, tampouco fóssil
que petrifica sob a terra
que gera metano para o solo
[pedaço podre que se enterra]

sonho em me tornar algo mais útil
[quiçá eu tenha tamanha sorte]
amenizar as tardes de abril
no calor do hemisfério Norte

desejo dar flores aos namorados
e sombra para as crianças
ter tronco forte e que nenhum machado
me corte o fio de esperança

de segurar um bonito balanço
e gerar frutos aos que têm fome
e acolher em um domingo manso
os casais que vêm eternizar seus nomes.

Não me permito regressar ao nada
se posso fazer-me semente
e, dos pássaros, morada...
Cansei de ser gente:

Quando morrer, hei de ser árvore.