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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Pink Money

Queria conseguir ser capaz
de escrever poesia panfletária
antiódio, antídoto 
para a desesperança do meu país tão sofrido.

Gostaria de levantar bandeiras
em combate à semente conformista do meu povo cansado
que, à beira do abismo,
toma decisões ainda piores contra o mal já instalado.
Eu entendo o motivo deles.
Eu mesma me encontro exausta.
Entre tanta irracionalidade, com o coração na mão,
o absurdo chega até a parecer possível solução.
Mas estou próxima da mudez.
Me calo como minoria
- ou maioria minorizada -
pois tenho medo de minha própria sensatez
[silenciada
Sou fraca. Lamento.
Também me contento
em rezar, torcer
para que o patético, outrora sequer hipotético,
não ganhe o peso necessário para se fortalecer.
Cabisbaixa, me limito
a resistir sob patrióticos gritos
de brasileiros órfãos como eu.
Por enquanto, continuo apavorada.
De sair na rua e não voltar mais pra casa.
Graças ao - ilógico -
apartheid ideológico
sigo desconfiando da vizinha
[cristã:
“Ela se faz de coitadinha”.
Manchete de amanhã,
estatística em algum link,
só sirvo quando gasto meu money... pink.
Sei da lei do equilíbrio.
Sei que tudo se regula
e que as coisas voltam como bumerangue.
Por isso, leia a bula.
A história cíclica se repete.
Os erros do 8 ou 80
nos cortam como Gillette.
Escolhas feitas por revanche
[comemoradas com confete
mancham nossas mãos de sangue.

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