onde escondeu-se a paz?
em que ponto do caminho
deixei, enfim, para trás
todo aquele carinho?
ando um tanto confusa
a respeito de quem és:
já não sei se me usas
ou se estou a teus pés
e por não lembrar mais
abro uma fenda no tempo:
entre o nunca e o jamais
guardo o esquecimento
do que tínhamos
do que sonhávamos
do que teríamos
com a visão embaçada
permaneço confortável:
minha companhia se alinha
ao meu eu domesticável
sequer sinto tua falta
e nem me torturo em vão;
quando a dor me assalta
reservo-a em um porão
em um baú
em um cofre
em um erário cru
em uma caixa nobre
e aos poucos te transformas
[tomas a forma de teus erros]
e depressa te deformas
[em meio ao nosso enterro]
assim, a cama espaçosa
já não clama tua presença
tampouco a pele amorosa
requisita a benquerença
o restante? nem importa.
agora não me iludo
pois o que me reconforta
é saber que fiz de tudo...
só abri mão
só me d(o)ei em entrega
só desgastei coração
só apaguei quem eu era.
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