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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Por Inteiro


Ela me beija com os cabelos, quando a brisa traz o aroma de tantos fios até minhas narinas, proporcionando uma paz que só ela pode me oferecer. Com eles presos ou soltos, ela areja minha vida, compassadamente. Ela me beija com tiara, fita, laço, chapéu... Se eu pudesse, guardaria um chumaço pequeno dentro de um saquinho e colocaria com afeto dentro uma gaveta, de tão preciosos que eles são para mim.

                      

Ela me beija com os olhos, quando cerra os cílios longos e se aproxima de minhas bochechas, piscando rápido só para me causar cócegas. Com aqueles mesmos cílios compridos, ela varre todas as lágrimas, freneticamente. Ela me beija com aquelas duas petequinhas negras que mais parecem jabuticabas maduras, prontas para serem colhidas. Se eu pudesse, engoliria aqueles olhos, de tão suculentos que se apresentam.



Ela me beija com as mãos, quando me abraça e quando sinto seus dedos finos deslizando pelo meu rosto para controlar cada choro dengoso. Com as mãos feridas, às vezes me desespero, ao pensar que talvez ela não consiga me acarinhar e choro mais um pouco. Ela me beija com as unhas, ao arranhar minhas costas... E as marcas de tudo que ela representa ficam por dias cravadas em minha pele, e eu agradeço por ter um motivo para lembrar as minúcias de nossas cenas de amor.



Ela me beija com os seios, quando me permite descansar entre eles nas noites em que dormimos juntas. Com o típico formato esférico, sempre há uma vontade, um desejo latente de permanecer ali eternamente e repousar minha cabeça por incontáveis horas até que seja necessário acordar. Ela me beija com os mamilos escuros, com o colo disponível, pronto para me receber, e eu fico: prestes a me encontrar e me perder. Se eu pudesse, carregaria os seios dela pra todos os lugares que eu visitasse, pra ter um porto seguro nas madrugadas em que ela estivesse longe de mim.



Ela me beija com os quadris, quando se entrega à plenitude que entende por me pertencer. Com a malemolência que lhe é peculiar, ela faz bom uso de seus atributos de mulher como ninguém jamais conseguirá usufruir. Ela me beija com a cintura farta, com a virilha que se afaga na minha. Se eu pudesse, nunca tiraria as mãos daqueles quadris, afim de acompanhar os mínimos movimentos que ela realiza.



Ela me beija com as pernas, quando anda de bicicleta, dentro do vestido azul florido que ela tanto gosta. Com o veículo emprestado, ela o guia como se fosse seu, numa maestria certeira, e a rua inteira se ilumina enquanto ela passeia distraidamente no asfalto quente. Ela me beija com aqueles pares que caminham rumo ao infinito, para além do horizonte, e que me prendem e me puxam para mais perto quando estamos na cama. Se eu pudesse, me entrelaçaria nesses pés de bailarina, pra não ter frio debaixo do cobertor, e dançava ao lado dela em nosso particular jardim.



Ela me beija com a boca também, às vezes. Com os lábios macios e com a docilidade de quem cuida de uma criança. Ela me beija com cada parte do que lhe é parte e talvez não perceba que tudo o que lhe compõe me completa, mas eu vejo dessa forma: que todo o corpo dela é um ósculo perfeito. Se eu pudesse, diria a ela por meio de algum texto que ela me beija através de cada célula, só por existir e me dar a magnitude de sua cor carmim.

Um comentário:

Karlinha Ferreira disse...

Digam o que disserem, mas ng nos beija como o amor da nossa vida é capaz de nos beijar...

Texto lindo e apaixonado...
Parabéns!!

Tow encantada *_*