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terça-feira, 8 de março de 2016

Tácito


eu nunca me desculpo com a solidão
sempre me despeço 
me dispo

e decido num canto
a solução
aos olhos do nada
se sim ou se não.

eu nunca dirijo sem trilha sonora
sempre deixo
no volume máximo
dobro a esquina do semáforo
na contramão
e os pneus cantam
quando puxo o freio de (ante)mão.

eu nunca durmo com a janela 100% aberta
sempre há
uma fresta
uma ilusão
um feixe de luz que entra
e a noite que me engole
faz a digestão.

eu nunca digo com palavras claras
sempre silencio
os não - ditos
eis que o amor não é exatamente isso?
nos aposentos da escuridão
o cômodo mais obscuro
é o coração.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Lecionar ou Lesionar?


A Educação, se limitada à transação bancária,
só deposita, matemática,
uma biblioteca de dados.
Não constrói, não instrui,
só enrola...
Porque "quem não cola, não sai da escola".
Os alunos saem formados,
mas raramente transformados.
Professor-educador
não é gerente de um banco;
educando não é caixa eletrônico
e aprendizagem não é dinheiro
- apesar de ainda ser assim no ensino brasileiro -.
Para gerar independência,
não basta apenas ciência
porque nota não define o ser humano.
Nota é só para passar de ano.
Uma vida autônoma
requer reflexão:
queremos alienados
ou queremos cidadãos?

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Inferência






De acordo com a lógica,
às vezes usada de forma indevida,
a dupla negação equivale a uma afirmação.
Pergunto, então...
Você me diria dois "nãos" pelo resto da vida?

domingo, 12 de julho de 2015

E-mail



Se tu me amas, ama-me no privado
Não o compartilhe por meio de status
Deixa em paz teus seguidores
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem discretamente,
Amada,
que a vida é breve,
o amor é breve,
e um tweet mais breve ainda...

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Nos braços de Morpheu


Invado teu sono na tentativa vã
de descobrir se sonhas comigo.
Permeio planícies longínquas,
jardins repletos de flor,
países com línguas mortas...
Omnia vincit amor.
Tu, que és a quimera
que mora em minha onírica realidade:
delírio do dia-a-dia.
Quantos pesadelos constroem a metamorfose
de um t(r)emor noturno?
Paralisada me deparo, de olhos abertos e taciturnos,
ao enxergar sem ar:
mais que parte fantasiosa do subconsciente...
Tu és por si só toda a minha vida.
Não consegui saber se sonhas comigo,
mas te vi abrir um sorriso
em meio aos primeiros raios da manhã.
Portanto, amanhã
continuarei vasculhando
de canto em canto um espaço
para ser sempre motivo
das tuas alegres pálpebras se abrirem
junto com as janelas da casa
e o habitual aroma de eucalipto.
Cotidiano rito...
Se tudo enfim se ajeita,
deixa eu ser essa luz
que entra pela fresta estreita?