sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Cegueira
Vou além do que vejo;
E aproveitando o ensejo,
Fechei os olhos e abri o coração
Porque sei que a verdadeira percepção
É mais ampla que meu campo de visão...
De que adianta um globo ocular,
Uma íris castanha para enxergar,
Se o ser humano é incapaz de sentir
A dor do próximo e o porvir
Sofrido de quem sequer tem para onde ir?
Se os cílios não me ajudassem a estender a mão
A quem não possui nem mesmo um pão,
A quem tem a fome como único bem que carrega,
A quem a vida todos os sonhos nega,
De nada serviriam meus olhos, pois eu ainda estaria cega.
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Intransigência
Disseste que não suportas receber ordem
Mas de dogmas e regras todo mundo é refém!
Portanto, cuidado com esse conceito taxativo,
Porque o único verbo que uso no imperativo
É "ama-me" ontem, hoje e sempre, meu bem.
sábado, 11 de agosto de 2012
Prioridades
Ele queria ter amado mais;
Ele poderia ter amado, mas...
Ainda preferia deixar sempre para trás,
Cumpria metas que o amor não satisfaz!
- Sentiria, depois, que não é tudo que o tempo traz -
E que a vida passaria sem nenhum mérito:
Ah! Morreria, enfim, no futuro do pretérito.
sexta-feira, 27 de julho de 2012
Ciclo do Rio
O rio sente; o rio sorri.
Em cada onda que vem,
É uma nova alegria que o rio tem
E que se acaba, repentina.
A felicidade do rio é de um instante,
Pois logo que o desespero evanesce,
A onda leva, mas também traz, alucinante
Um novo sofrimento que aparece.
O amor do rio só algumas horas dura;
Segue um ciclo próprio de amar:
O sentimento se dissolve logo em água pura
E se renova todo dia em cada preamar.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Imobiliário
Com um beijo de tirar o fôlego;
Bagunça minha vida harmoniosa,
Transforma meu andar firme em trôpego.
Abala minhas noites tranquilas
Com madrugadas insones...
Perambulando sozinha entre vilas,
Procuro desesperada teu interfone.
Abre a porta da tua casa
Porque não tenho mais endereço;
Carrega-me na tua asa
Que serei teu mais belo adereço!
Abarca a mim - teu apêndice -
Porque já não pertenço a mim.
Não pus placa de vende-se:
Doei-me inteiramente a ti.
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