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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Colheita


Meu coração anda lotado de tralha,
Hora de separar o joio do trigo.
Senão, mandem tecer minha mortalha
Porque viver em meio ao entulho é um perigo.

Viver em meio ao entulho é um perigo
E meu coração cansou de migalha!
Sinto falta do meu eu antigo,
Um eu que não admitia falha.

Um eu que não admitia falha
Deu lugar a esse coração amigo
Que tece a própria mortalha
Por não saber separar o joio do trigo.

sábado, 2 de junho de 2012

Retrato

Intertextualidade com a música Devolva-me, de Adriana Calcanhotto



Não rasga as minhas cartas,
Mas também não quero que me procures
Já que não desejo que me percas.


Basta de dar bastas,
Viverei melhor caso me cures
Indo além de imaginárias cercas.


Quero que sejas feliz
Só que seja comigo
E não com outro rapaz...

E por tudo que já fiz,

Não te quero como amigo,
Mas como minha fonte de paz.


Todavia, se preferires ir embora,
Leva meu retrato, enfim,
Porque apenas nele permanecerei sorrindo:


E assim, quando vires a foto e a hora,
Decidirás voltar para mim
Ao relembrar tantos momentos lindos.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Decepção


Nas madrugadas
Um brilho me acompanha:
Com as luzes apagadas,
Eu cheia de manha
Sinto vontade de chorar
Ao perceber, com muita dor
Que o brilho não vem do teu olhar
Mas sim da tela do computador.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Labuta



O poeta labuta;
A palavra astuta
Foge-lhe à mente.
Mas que saliente!


O poeta a recupera;
A palavra espera
Uma distração:
Foge de novo então.


O poeta luta;
A palavra encurta
O caminho
E deixa-o sozinho...


O poeta cansa;
A palavra amansa:
Contra a maré rema,
E está pronto um poema.

sábado, 12 de maio de 2012

Sabor Moreno

Teu sabor moreno
Sempre quente ou ameno
Castanho forte
À mercê da própria sorte
Teu aroma me invade
Cor de chocolate
Parece fruta do pé
Só parece, mas não é
Na verdade é um grão
Que perfuma meu coração:
A mulher tem gosto de café?
Ou o café tem gosto de mulher?