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terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Wanderlust


vão é trocar de endereço
e os antigos móveis permanecerem os mesmos
como se atravessar o continente
resolvesse o que está pendente.

novos lugares, mas nem sempre novos ares.
se a fuga é do que vem de dentro,
pra onde aponta o vento?

traumas abandonados em algum brechó
de Cingapura ou Bangkok.
o mundo é só um esboço... cadente.
um pedaço do cosmos

um pouco do muito da gente.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Noise

já engoli tanto sapo
que agora nem falo:
coaxo.

já atirei tantas pedras
Resultado de imagem para noiseque agora me pesa
o braço.

e falando em pedra,
eis que se revela
uma dentro do sapato.

já enchi a boca
pra dizer que não entra mosca
em boca fechada.

já levantei pra cuspir
e no fim percebi
que estava toda babada.

e já vi que minha oficina
não é do diabo
pois mente vazia
é preenchida
com o som alto
da aparelhagem.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Pedalar




viver é como andar de bicicleta:
depois de tirar as duas rodinhas
muita queda.




um dia a gente descobre
como se equilibrar
e deixa de ser criança.




tudo se torna uma antiga lembrança;
as feridas nos joelhos cicatrizam até desaparecer.
e é aí que a gente começa...
a desaprender.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Roda da Fortuna




Paranoide
o mundo é um moinho
esferoide
dá voltas dentro de um mesmo giro.
Vivemos para morrer trabalhando
ações e reações
liberdade e segurança nunca andam juntas.
Pagamos parcelas por 3 encarnações
e mais uma só de juros.

Androide
o humano é um perdido
nem Freud
explica o inconsciente de cada indivíduo.
Vivemos para comer enlatados
botulismo e salmonella...
Qual é mesmo o nome dela?
Ofereci uma marguerita e ganhei um sorriso
e uma Heineken quente como prejuízo.

terça-feira, 8 de março de 2016

Tácito


eu nunca me desculpo com a solidão
sempre me despeço 
me dispo

e decido num canto
a solução
aos olhos do nada
se sim ou se não.

eu nunca dirijo sem trilha sonora
sempre deixo
no volume máximo
dobro a esquina do semáforo
na contramão
e os pneus cantam
quando puxo o freio de (ante)mão.

eu nunca durmo com a janela 100% aberta
sempre há
uma fresta
uma ilusão
um feixe de luz que entra
e a noite que me engole
faz a digestão.

eu nunca digo com palavras claras
sempre silencio
os não - ditos
eis que o amor não é exatamente isso?
nos aposentos da escuridão
o cômodo mais obscuro
é o coração.